Esquizoanálise

Criada por Gilles Deleuze e Felix Guattari, a Esquizoanálise é uma concepção da realidade em todas suas superfícies, processos e entes, e também nas suas individuações inventivas como acontecimentos-devires. Para esta concepção, a produção e o desejo revolucionários são imanentes entre si e produtores de toda a realidade. Consiste em uma ampla leitura da realidade, tanto natural, quanto social, subjetiva e industrial-tecnológica, assim como de uma realidade “outra”, pluripotencial e imperceptível. Essa abordagem propõe uma série de dispositivos e de procedimentos para a transformação do mundo e trabalha com todas as agrupações e práticas humanas inventivas e mutativas. Entre seus principais seguidores pode-se mencionar: Antonio Negri, Ana Isabel Crespo e o Grupo Chimeres na Europa; Michel Hard, nos EEUU; N. Aragon, Luis Orlandi, Osvaldo Saidon, Alfonso Lans, Gregorio Kazi, J. Bichuetti, Fátima de Oliveira, Neusa Henriquez, Patricia Ayer, Sueli Ronik, Peter Pal Pelbart, E.Pavlovsky. H Kesselman, Gregorio Baremblitt, Margarete Amorim, assim como todos os membros do Instituto Felix Guattari e da Fundação Gregorio F. Baremblitt e muitos outros na América Latina.

A Esquizoanálise é uma leitura do mundo, praticamente de “tudo” o que acontece no mundo, como diz Guattari em seu livro sobre as ecologias, sendo uma espécie de Ecosofia, uma “episteme” que compreende um saber sobre a natureza, um saber sobre a indústria, um saber sobre a sociedade e um saber acerca da mente. Mas um saber que tem por objetivo a vida, no seu sentido mais amplo: o incremento, o crescimento, a diversificação, a potenciação da vida. É importante saber que essa micropolítica não está instrumentada por partidos políticos, embora não seja proibido exercê-la dentro deles. Não toma, como lugar privilegiado de atuação, a academia, com suas produções ortodoxas e rígidas. Não propõe a formação de uma igreja, mais ou menos despótica.
Não necessita atuar dentro dos âmbitos do Estado, apesar de não se negar a fazê-lo.
Não precisa dos partidos políticos tradicionais, nem dos sindicatos, especialmente se eles são corporativos. Não define um campo de esquerda mais ou menos global, que seria melhor do que o de direita. A proposta é a de uma política que se pode fazer em todo e qualquer pequeno, médio ou grande âmbito em que transcorre a vida humana, a política dos movimentos singulares, dos movimentos que exprimem idiossincrasias, a política feminista, a política dos movimentos homossexuais, a política das minorias raciais, a política dos imigrantes, a política dos sem-terra, a política de todos aqueles que sofrem a exploração, a dominação, a mistificação do mundo atual, mas que não pertencem necessariamente aos organismos, às entidades molares respeitadas e consagradas pelo mundo em que vi vemos, e que são responsáveis pelo mundo estar como está. É uma política baseada em uma proposta básica que diz que a essência da realidade é a imanência do desejo e da produção. O desejo, aquele descobrimento de Freud, o desejo inconsciente, dito no sentido não apenas de um espaço do psiquismo, de uma força do psiquismo, mas dito no sentido da essência, da substância de tudo aquilo que existe. Ele tem, dizem Deleuze e Guattari, o mesmo processo de funcionamento que Freud descreve no inconsciente psíquico, particularmente em seu processo primário. E, por outro lado, esse mesmo processo é um processo substancialmente produtivo, é a permanente criação do diferente, a geração constante do novo. Então, quando Deleuze e Guattari dizem que o processo último da realidade é produtivo e desejante, eles introduzem a idéia de desejo na materialidade produtiva, e a idéia de produção nesteprocesso criativo que é o desejo, e que habitualmente se atribui ou apenas ao campo do psíquico ou às esferas mais ou menos ultraterrenas do metafísico. Esta proposta da substância da realidade como repetição do diferente, do diferente radical, esta, chamemo-la assim, ontologia de Deleuze e Guattari, é o pilar de sua proposta ética. Porque é uma afirmação acerca da realidade, que diz que esta, em si mesma, é uma fonte inesgotável de criação, é uma potência incoercível de transformação. Não existe, na realidade, nenhuma força definitória que equivalha a essa famosa “pulsão de morte” freudiana ou a qualquer processo entrópico como os físicos o descrevem nos sistemas fechados. É uma ontologia, uma teoria do devir que, desde a base (se isto se pode chamar “base”), propõe um tipo de vida que confie nisto, que acredite que somos portadores de uma energia criativa que nos faz formar parte de um mundo que é simultaneamente físico, natural, humano e maquínico. As separações que se estabelecem neste mundo, e as hierarquias que se postulam nessas relações são produto de uma concepção autoritária do universo, que sempre tem que ter algum setor da realidade que seja mais respeitável, mais temível, mais poderoso que o outro. Deleuze e Guattari dizem que em tudo que existe há uma imanência que faz com que cada um dos campos seja igualmente importante.

“Baremblitt”: Introdução à Esquizoanálise

ESQUlZOANÁLISE: soma não totalizável de saberes e afazeres praticáveis por qualquer agente, em qualquer tempo ou lugar. Inventada por Gilles Deleuze e Félix Guattari e exposta pela primeira vez de maneira singularmente sistemática no livro “O Anti­Edipo” (1972), essa corrente não é enquadrável nos gêneros de pensamento e ação até agora conhecidos.

Qualquer tentativa de resumir essa amplíssima leitura da realidade natural­histórico­social­libidinal e tecnológica seria estéril. Mencionaremos apenas que, para essa concepção, tais materialidades são imanentes (quer dizer, consubstanciais ou inseparáveis uma da outra), e mais ainda, estão” precedidas” por um campo de materialidades “puras”, puras diferenças intensivas.

A essência do real é a “produção desejante”, ou seja, a incessante metamorfose geradora de diferenças inovadoras que se originam ao acaso. Nesse sentido, o real é constante e integralmente produzido, podendo­se distinguir nele uma produção de produção, uma de “registro­controle” e uma de “consumo­voluptuosidade”. O processo produtivo de produção pode ser pensado segundo a lógica que caracteriza o funcionamento da esquizofrenia (não como patologia,mas como ser do devir), a microfísica e a biologia molecular. Trata­se de um funcionamento absolutamente livre, infinito e imprevisível que consiste em conexões e cortes de fluxos energéticos entre unidades intensivas denominadas “máquinas desejantes”, cada uma das quais é uma pura e irrepetível singularidade*. As máquinas desejantes dispõem­-se e agenciam sobre uma matriz de gradientes energéticos denominada “corpo sem órgãos”. Mas a produção de produção de novidades é capturada pelos estratos, territórios e equipamentos da produção de controle­registro que tende à repetição do mesmo, colocada a serviço de uma entidade centralizadora, totalizante, concentradora e acumulativa, que varia segundo o modo de organização histórica da produção de que se trate (“Corpo Cheio da Terra”, “do Déspota” ou do “Capital­Dinheiro”). Na atividade de controle­registro predominam a reprodução e a anti­produção. Uma dessas formas é o que a Psicanálise chama Pulsão de Morte. Segundo a entendemos, a Esquizoanálise compreende toda e qualquer atividade intelectual ou prática que procura liberar o processo produtivo ­desejante­revolucionário, demolindo as constrições da parafernália de controle­registro. Esse conjunto não­totalizável de práxis singulares configura a “Micropolítica”, em cujo âmbito as inúmeras revoluções são feitas não apenas por necessidade ou dever, mas pelo desejo. Entendida como procedimento para pensar e compreender o real, a Esqllizoanálise compõe­se de tarefas negativas de crítica e desconexão de valores dominantes e outras positivas, destinadas a propiciar o livre fluir da produção e do desejo na vida biológica, psíquica, comunicacional, política, ecológica etc. A Esquizoanálise também é definida com outras denominações, tais como “Pragmática Universal”, “Análise Nômade” etc.

“Baremblitt”: Compêndio para Análise Institucional

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